sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Consumismo 2.0

Ver a forma como tanta gente, incluindo bloggers portuguesas proeminentes, listam o número de viagens que fizeram ao estrangeiro e equacionam isso com sucesso e um ano 2017 bom, faz-me pensar que viajar não é necessariamente melhor do que adquirir coisas materiais. Parece-me consumismo na mesma, colecionar nomes de sítios em vez de malas caras, pôr certinhos ao lado de listas de sítios a visitar uma extensão da mentalidade consumista, não uma substituição da mesma por algo mais integral e saudável.



S.



(Esta observação pode ser mais fácil de fazer por estar numa fase muito bizarra em que a minha vontade de viajar para conhecer sítios novos é nula, em que a minha mente se rebela ativamente se alguém me propõe uma visita a um país/cidade estrangeiro numa de sightseeing. Não há espaço em mim desde há um par de anos para nada que não seja Reino Unido, e pouco tolerado neste momento se não for Londres. Se escarafunchar a mente encontro as minhas inseguranças todas como causa, mas elas nunca me preocuparam menos porque sei perfeitamente o que quero.)  

6 comentários:

  1. Acho que já há uns tempos largos a Rita Maria escreveu algo semelhante, como muita gente enumera as suas viagens de uma forma semelhante à que se enumera os pares de sapatos. É uma nova forma ou maneira consumista de estar, sim. Também muito frequente quando o assunto é livros (e aqui confesso-me um bocadinho culpada, que os compro mais do que os que consigo apreciar - mas não os trato de uma forma consumista pura, isto é, não são um número ou quantidade que significa sucesso).

    Como gosto muito de viajar, se pudesse sairia mais, de certeza. Mas preciso também do pré-viajar (o planeamento e a antecipação), e a minha forma de viajar é muito cansativa (gosto de andar na rua, ver, cheirar, detesto a perspectiva de viagem para resort), logo, não dá para repetir muito (além de que ficaria caro, e não há tempo que chegue). Acho que nunca conseguirei encarar o viajar como um produto de consumo, ou de forma voraz e consumista. Mas sou de uma geração em que ir a Badajoz já era um programão.

    E pronto, estou aqui a deixar um testamento para dizer que no ano passado não saí do país e fico com inveja de quem saiu; mas também me dá uma certa pena de quem muito viaja mas parece que tick, mais uma, 'tá no insta, e nem saboreia.
    (este ano programo ir a Londres, e levar a minha sobrinha, um excitex!)

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    1. Sim, tudo depende de como se encara o viajar. Hoje em dia mete-me um bocado de impressão quando vejo pessoas a tirar fotos a tudo o que veem em viagem, fotos a todas as peças num museu, a filmagem de pequenos vídeos do que estão a presenciar, tudo coisas que depois nunca mais vamos ver (eu sei porque também já fui assim!). Apetece-me gritar-lhes "olhem! aproveitem! larguem a câmara/telemóvel!" Parece-me às vezes tudo uma extensão da vontade de colecionar.

      (Oh que maravilha, experienciar um lugar amado pelos olhos frescos de outra pessoa! Passei por isso há uns meses com a primeira visita a Londres de uma grande amiga e foi uma excitação! Acho que se a levares a Camden é logo meio caminho andado para gostar da viagem :) )

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    2. Camden não falha, até porque é um dos nossos sítios preferidos! E, lá está, nem é preciso comprar nada, só o andar por ali. Já nos anunciou que quer ir ao Museu de História Natural e ver um musical, se possível Les Miserables. Oh, o que ela foi dizer, Les mis, claro que vamos!

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    3. E à Torre, levem-na à Torre! É um sítio tão poderoso e interessante, e nem é preciso ser-se grande aficcionado de história britânico para apreciá-la, que as torturas, os corvos e o Henrique VIII são facilmente identificáveis ao comum dos mortais. Ainda nunca fui ver um musical aqui, grande falha, mas ainda nunca calhou. Tirando o HP and the Cursed Child ainda não me estreei nos teatros aqui. Lembro-me de recomendares há uns tempos o Book of Mormon, esse ficou-me na cabeça como uma potencial estreia.

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    4. Só fui à Torre - lá dentro - na minha 5ª visita a Londres, se não estou em erro. As multidões e o preço são desencorajadores). Comprei os bilhetes na net, logo para entrar de manhã cedinho, e assim, sim. O único erro foi termos deixado as jóias da coroa para o fim, e já tinha uma fila enorme.

      O Book of Mormon é divertidíssimo, vale a pena por isso. Já Les mis é, pronto, não sei, uma tara. Será a minha 3ª vez, 2ª de me mate, e vamos com muito gosto.

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    5. Verdade, entrar de manhã cedo é o melhor e comprando na net com antecedência poupa-se dinheiro. Mas se compararmos a Torre com, sei lá, o Madame Tussaud's, que em multidões e preço está ao mesmo nível, acho que vale bem mais a pena. O British Museum é um mamute de museu, também grátis, cheinho de objetos de todos os cantos do mundo que os britânicos trouxeram para "guardar", e a secção egípcia é muito concorrida pelas múmias! Mas assim como visita estreia talvez o de História Natural seja mais interessante. Mas pronto, sítios para visitar para uma viagem enriquecedora não faltam, o pior há-de ser mesmo escolher :)

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