domingo, 31 de outubro de 2010

Happy Halloween!




D. S.

Noite, já?

Eram 4 e meia da tarde e já se notava aquele escurecer do céu que precede o pôr-do-sol. Eu estava consciente deste facto, acreditem que estava. Mas, pelos vistos, preparada não.

Realmente o frio não consegue ser pior do que a falta de luz natural. Porque para o frio a preparação é feita fisicamente: uma pessoa veste múltiplas camadas de roupa, põe um cachecol quentinho à volta do pescoço e prepara-se para enfrentar o que é inevitável. Já a falta de luz exige uma preparação mental porque contra ela não se pode fazer nada individualmente: não dá para andar com uma mega-lanterna a iluminar os sítios por onde passamos. Está escuro, está escuro, não há nada a fazer.

Por isso é com alguma melancolia que passo este Halloween e primeiro dia (ou noite) desde que a hora mudou e desde que percebi realmente o que é anoitecer antes das 5 da tarde.





S.

domingo, 24 de outubro de 2010

Trabalha cérebro, trabalha

Já consigo estudar. Finalmente consegui acalmar os meus sentidos o suficiente para ser capaz de me concentrar em aprender, ler, analisar.

Londres estava a ser demasiado enorme e interessante para eu conseguir focar a minha completa atenção num texto. Agora acho que o meu inconsciente já se apercebeu de que Londres não vai fugir, vai estar aqui comigo durante uns meses valentes e que tudo o que há de interesse para ver vai conseguir ser visto. E por isso posso relaxar e concentrar-me em aprender.

Defina-se "aprender". Uma coisa que me tinha irritado na licenciatura está a ser exacerbada neste mestrado, se bem que agora já não me chateia: as aulas levantam mais questões do que as que respondem. Mete raiva. Uma pessoa quer aprender "coisas", factos concretos e dão-nos interrogações. Afirmam que não há teorias certas apenas modos de ver as coisas diferentes, desde que defendidos por argumentos bem construídos. Wtf! Assim não dá para estudar! Porquê? Porque nos obriga a pensar. A tentar levar o raciocínio mais além. E isso é chato. Porque o cérebro é preguiçoso.

Mas o cérebro também é extremamente flexível e após uns tempos a forçá-lo e a limpar a ferrugem eis que não há nada mais estimulante do que questões controversas para dissecar e raciocínios novos para formar. Thank you, King's :).




S.

domingo, 10 de outubro de 2010

Lar Doce Lar

O que faz uma casa tornar-se "a nossa casa" tem sido uma questão que me tem ocupado a mente nos últimos meses. Mais concretamente desde que soube que teria de sair da minha e construir uma noutro sítio.

Nunca tendo conhecido outra casa senão aquela onde vivo desde que vim ao mundo é normal que fosse algo constantemente na minha mente. Ter outro quarto, caminhar por um sítio diferente até chegar a casa, não ter o jardim, os meus animais... Como seria a adaptação?

A verdade é que nunca pensei que fosse tão simples. A adaptação. Uma casa começar a ser sentida por mim como "a minha casa". Percebi que isso só acontece depois de se fazer o caminho até "casa" várias vezes. Ir passear, ir à escola e ao fim do dia regressar a casa, só esse processo repetido algumas vezes torna uma casa em "nossa casa". Ocorreu-me tal pensamento quando vinha a subir as escadas depois de um dia na universidade/biblioteca e a procurar as chaves na minha mala.

Outro processo muito importante é a limpeza da casa. Uma casa só se torna "casa" quando implica empregar um pouco do nosso esforço nela. Limpar o chão. Sacudir os tapetes. Esses simples gestos reflectem da nossa parte uma vontade de tornar aquele espaço mais agradável. Porquê? Porque passamos nele muito tempo. Porque é nosso. Porque é aí que nos sentimos seguros para efectuar as rotinas diárias que comummente se designam de "viver".

Estas filosofias são muito bonitas e bem pensadinhas da minha parte mas a verdade é que cairiam provavelmente por terra (ou pelo menos não seriam tão lineares) se outro processo não se verificasse ao mesmo tempo: a partilha da casa com o D. Porque são todos os outros processos elevados ao quadrado. A limpeza não implica tornar a casa habitável para mim mas para nós, as compras não são feitas a pensar no que eu quero mas no que é bom para os dois, e quando regresso a casa não regresso a um espaço vazio mas sim a um sítio onde sei que tenho alguém à minha espera. Alguém que gosta e se preocupa comigo, como foi o meu dia, como estou, o que fiz.

E esta é muito provavelmente a razão pela qual Londres - e mais concretamente, a High Street em Hounslow - se tornou a minha "casa" em tão pouco espaço de tempo.






S. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010